Por mais que sejam condições vantajosas frente ao sistema financeiro, há a contrapartida de compromisso futuro. Vai de cada família verificar ou não, se vale a pena, e identificar se pode honrar o empréstimo no futuro", explica o economista.
Atualizado em 08/07/2022 09:45:19
Aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado, medida provisória que dá margem de até 40% de limite para empréstimos consignados de beneficiários dos programas Auxílio Brasil e Benefício de Prestação Continuada, o Loas, voltados a população em estado de vulnerabilidade.
O governo federal estima que a alteração nas regras dos consignados pode gerar só com Auxílio Brasil até R$ 30 bilhões em financiamentos. No Benefício de Prestação Continuada, o cálculo é de R$ 19 bilhões.
Para o economista, Marcio Coutinho, a alternativa dá para a pessoa pegar dinheiro, mas o beneficiário tem que saber o que está fazendo.
"Precisa de educação financeira e tem que ver o que compensa no bolso. Vejo que essa é a oportunidade para levantar dinheiro junto as instituições financeiras. Vamos fazer uma conta, se a pessoa pega emprestado a taxa de juro de 1,5%, ganhando R$ 600 com 40% de limite, ela poderá comprometer em no máximo R$ 240 por mês. Se o valor emprestado for em 36 meses, terá uma dívida de R$ 6.600,00", apontou o economista.
"Em outras palavras, isso que está sendo proposto é uma maneira para que as pessoas coloquem em dia alguma pendência que tenha, usando o limite. Independente se pouco ou muito, deve ter consciência do que está assumindo. A pessoa tem que saber que receberá menos e perceber se valerá a pena ou não", emendou Coutinho.
Para ele, o "brasileiro não tem educação financeira e quer empurrar o problema para frente".
Já, o economista, Renato Gomes, relata que se antes não havia possibilidade de tomar empréstimo, é claro que se puder pegar, deve pagar as contas e se endividar. "Por mais que sejam condições vantajosas frente ao sistema financeiro, há a contrapartida de compromisso futuro. Vai de cada família verificar ou não, se vale a pena, e identificar se pode honrar o empréstimo no futuro", justificou.
"O sistema bancário brasileiro é muito cartelizado. Muito rígido, empréstimo hostil, taxa de juro alta. Induzir dívidas nas condições do sistema bancário brasileiro é maléfico para as pessoas que não tem condições de discernir e colocam os pés pelas mãos", criticou o economista.
"Existe o lado positivo, aumento da capacidade de endividamento ajuda a pagar as contas, mas a longo prazo, pode ser catastrófico, vai levar as famílias a ficar endividadas", finalizou Gomes.